sábado, 21 de maio de 2011

Papa apresenta “beleza integral” da sexualidade humana...

 Papa apresenta “beleza integral” da sexualidade humana.

Bento XVI apresentou, na última sexta-feira, a “beleza integral” da sexualidade, que pode ser compreendida ao descobrir o mistério que o corpo humano esconde.
O Papa resumiu, com estas palavras, as contribuições mais originais do pensamento de João Paulo II, em sua “teologia do corpo”.
O sucessor de Karol Wojtyla tratou deste tema ao receber em audiência os membros do Instituto Pontifício João Paulo II, centro acadêmico universitário fundado pelo Pontífice polonês na sede da Universidade Pontifícia Lateranense de Roma, por ocasião dos 30 anos de sua fundação.
Aquele centro foi criado em 13 de maio de 1981, mas João Paulo II não pôde pronunciar suas palavras de anúncio, devido ao atentado provocado pelo terrorista Ali Agca.
A lição de Michelangelo
Joseph Ratzinger começou recordando que, pouco depois da morte de Michelangelo, o pintor Paolo Veronese foi chamado diante da Inquisição, com a acusação de ter pintado figuras inapropriadas ao redor da Última Ceia.
“O pintor respondeu que também na Capela Sistina os corpos estavam representados nus, com pouca reverência. Foi o próprio inquisidor quem defendeu Michelangelo com uma resposta que se tornou famosa: ‘Você não sabia que nestas figuras não há nada que não seja espírito?’”.
“Atualmente, é difícil para nós entender estas palavras – reconheceu o Papa – porque o corpo aparece como matéria inerte, pesada, oposta ao conhecimento e à liberdade próprios do espírito. Mas os corpos pintados por Michelangelo estão repletos de luz, vida, esplendor.”
“Ele queria mostrar, dessa maneira, que nossos corpos escondem um mistério – reconheceu o Papa. Neles, o espírito se manifesta e age. Estão chamados a ser corpos espirituais.”
“Se o nosso corpo está chamado a ser espiritual, sua história não deveria ser a da aliança entre o corpo e o espírito? De fato, longe de opor-se ao espírito, o corpo é o lugar em que o espírito habita. À luz disso, é possível entender que nossos corpos não são matéria inerte, pesada, mas que falam – se soubermos escutar – com a linguagem do amor verdadeiro.”
Beleza integral
O corpo, prosseguiu, “nos fala de uma origem que nós não conferimos a nós mesmos”. “Podemos afirmar que o corpo, ao revelar-nos a Origem, carrega consigo um significado filial, porque nos recorda nossa geração, que mostra, através dos nossos pais que nos deram a vida, Deus Criador.”
“Somente quando reconhece o amor original que lhe deu a vida, o homem pode aceitar a si mesmo, pode se reconciliar com a natureza e com o mundo. À criação de Adão segue a de Eva. A carne, recebida de Deus, está chamada a tornar possível a união de amor entre o homem e a mulher e a transmitir a vida. Os corpos de Adão e Eva aparecem, antes da Queda, em perfeita harmonia.”
“Há neles uma linguagem que não criaram, um eros radicado em sua natureza, que os convida a receber-se mutuamente do Criador, para poder, dessa maneira, doar-se.”
“A verdadeira fascinação da sexualidade nasce da grandeza desse horizonte que se abre: a beleza integral, o universo da outra pessoa e do ‘nós’ que nasce da união, a promessa de comunhão que lá se esconde, a fecundidade nova, o caminho que o amor abre a Deus, fonte de amor.”
“A união em uma só carne se torna, então, união de toda a vida, até que o homem e a mulher se convertam também em um só espírito. Abre-se, assim, um caminho no qual o corpo nos ensina o valor do tempo, do lento amadurecimento no amor.”
“Sim” ao amor
A partir desta perspectiva, concluiu o Papa, “a virtude da castidade recebe um novo sentido. Não é um ‘não’ aos prazeres e à alegria da vida, mas o grande ’sim’ ao amor como comunicação profunda entre as pessoas, que exige tempo e respeito, como caminho rumo à plenitude e como amor que se converte em capaz de gerar a vida e de acolher generosamente a vida nova que nasce”.

Ainda afirmou..

O corpo humano é um lugar de “luz, vida, esplendor”, no qual o espírito “se manifesta e age”, mostrando “a verdadeira fascinação da sexualidade”, que nasce da grandeza dos horizontes abertos pelo amor de Deus.
“O corpo – explicou o Santo Padre – contém também uma linguagem negativa: fala-nos da opressão do outro, do desejo de possuir e desfrutar. No entanto, sabemos que esta linguagem não pertence ao plano original de Deus, mas é fruto do pecado.”
“Quando se separa do seu sentido filial, da sua conexão com o Criador, o corpo se rebela contra o homem, perde sua capacidade de fazer brilhar a comunhão e se converte em terreno do qual o outro se apropria.”
“Não será este, talvez o drama da sexualidade, que hoje permanece fechado no círculo estreito do próprio corpo e na emotividade, mas que na verdade pode se realizar somente no convite a algo maior?”, perguntou.
Mas Deus oferece ao homem “um caminho de redenção do corpo, cuja linguagem vem preservada na família”, que se torna “o lugar no qual a teologia do corpo e a teologia do amor se unem”. Aqui se aprende a bondade do corpo, “na experiência do amor que recebemos dos nossos pais. Aqui se vive o dom de si em uma só carne, na caridade conjugal que une os esposos. Aqui se experimenta a fecundidade do amor e a vida se entrelaça à de outras gerações”.
De fato, continuou, “é na família que o homem descobre sua relação, não como indivíduo autônomo que se autorrealiza, ,mas como filho, esposo, pai, cuja identidade se funda no convite ao amor, a receber e a dar-se aos demais”.

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